O terceiro encontro internacional Montanha Mágica* prossegue na evocação da Paisagem enquanto modo de ver, compreender, representar e fabricar o território, na medida em que tais processos são interdependentes da capacidade de exaltação simbólica e poética, mas também pragmática e crítica que, no seu cada vez mais extenso e multimediático campo, a Arte trabalha.
Considera-se aqui a Paisagem como um fenómeno tangível, que pode ser visto mas também nos toca, que representamos mas também nos constitui enquanto pessoas: “O mundo e eu somos um no outro”, diz Merleau-Ponty, reflectindo sobre essa fugaz coincidência do fluxo do espaço e do tempo, da vivência e da distância, de como embora distintos, “as coisas passam por dentro de nós, assim como nós por dentro das coisas”. De sorte que a paisagem nomeia essa travessia interior, esse “rebanho errante de sensações” e acasos de que é feita a substância durável do mundo.
Tendo o Antropoceno como ciclorama, a MM* é uma plataforma que magnetiza visões heterodoxas de artistas e investigadores que, a pretexto do encontro com a montanha epitomizado pela obra-prima de Mann, reclamam neste fórum uma progressiva e mais aguda indexação da estética à ética como estratégia de combate à degradação que o capitalismo global vem inflingindo ao ecossistema, de que somos parte. Nessa procura de convergência e de reforço da comunidade a MM* cruza distintos públicos e gerações.
À semelhança das precedentes, a Montanha Mágica* culmina no simpósio e nas exposições. Além das actividades que decorrem na UBI, Covilhã, envolve residências artísticas na Serra da Estrela (Seia, Sabugueiro e Manteigas) e em Trás-os-Montes. A produção resulta de uma parceria entre os cursos do Departamento de Artes, em especial o Doutoramento em Media Artes, o LABCOM, o Museu de Lanifícios, a Faculdade de Belas Artes da Universidade do País Basco e o Grupo de Investigação LaSIA, contando com os preciosos apoios das câmaras municipais de Vinhais e da Covilhã.
MM*2021 © Francisco Paiva