Publicação de Artes

O LABIRINTO E O ESPELHO. O CINEMA DE JOÃO CÉSAR MONTEIRO

A análise da obra de João César Monteiro, enquanto unidade textual plural, implica um trabalho de pesquisa baseado na procura dos loci similes: segmentos dialógicos em que se ouve o eco de outros aglomerados textuais. As relações transtextuais e interdiscursivas, fundadas muitas vezes na colisão de elementos antitéticos, geram um complexo universo semântico e icónico cuja força provém do contínuo jogo de similitudes e contrastes que, por sua vez, surgem no seu interior: rede dialógica em que as constantes operações semióticas dão origem ao círculo perfeito do vai-e-vem, ao eterno retorno de citações, homenagens e paródias, cujo intento é o de subverter todos os nexos lógicos convencionais, os princípios e as normas da cultura dominante que a nossa sociedade aceita, na rigorosa univocidade daqueles. A combinação de elementos aparentemente incompatíveis, como sagrado e profano, popular e erudito, sublime e trivial, tudo reproposto ou alterado por complexas práticas dialógicas leva, mediante a criação de novas relações entre palavras, imagens, sons e fenómenos, à destruição da hierarquia estabelecida dos valores. O ato subversivo monteiriano consiste, portanto, em separar o que é tradicionalmente unido e aproximar o que é geralmente longínquo, de forma a arrombar as restrições do monolinguismo cultural para se abrir à polissemia. 

Preço da edição impressa: € 15

AUTORES / EDITORES

Francesco Giarrusso

COLEÇÃO

Ars

ANO DA EDIÇÃO

2016

ISBN

978-989-654-282-5

Índice

Prefácio - 5

Introdução - 9

Capítulo I - Corpos Submersos: Transtextualidade e Interdiscursividade na obra de João César Monteiro - 15
1.1. Breve introdução à exegese da obra de João César Monteiro - 15
1.2. Do leitor empírico ao leitor modelo: para uma filologia do texto - 29
1.3. Textos e discursos: para uma definição de dialogismo - 42
1.4. In hoc signo vinces: a política dos interpretantes - 68
1.5. Transtextualidade: tipologias e regimes - 77

Capítulo II - O Labirinto e o Espelho: Interpretações da Enciclopédia Monteiriana - 81
2.1. Este obscuro objeto da citação literária - 81
2.2. Imagem de uma imagem: a citação homomedial - 104
2.3. Fantasma e fetiche: a imagem cinematográfica enquanto citação - 117
2.4. As veredas do bricoleur: textos, pinturas e cinema no centão monteiriano - 120
2.5. O grotesco e a carnavalização da cultura - 147
2.6. O reflexo e o duplo - 170

Capítulo III - O Corpo de Deus - 217
3.1. Os reinos de Deus - 217
3.2. Imagens e palavras nas “comédias lusitanas” - 239
3.3 O verbo de Deus entre sagrado e profano - 266
3.4. O mundo ao avesso de João César Monteiro: a imagem erótica do sagrado pervertido - 273

Conclusão - 287
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