O PANORAMA (1837-1844): JORNALISMO E ILUSTRAÇÃO EM PORTUGAL NA PRIMEIRA METADE DE OITOCENTOS
Animado, simultaneamente, pelos ideais do romantismo e pelo espírito da Ilustração, O Panorama foi o primeiro grande periódico português de divulgação cultural surgido no século XIX e aquele que mais conquistou as elites lusas da primeira metade de oitocentos. Surgido em Lisboa, em 1837, sob a chancela da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis e sob a direcção de Alexandre Herculano, O Panorama foi um periódico enciclopédico herdeiro dos periódicos iluministas que, embora aparentemente caleidoscópico, tinha subjacente uma estrutura racional de conteúdos, pois apostou, principalmente, na exploração de conteúdos da área das humanidades, em particular na história, na etnografia e nas ideias. Foi também um produto simultâneo do liberalismo e do romantismo e, nesta conjuntura, foi, igualmente, um dos veículos de propagação dos valores românticos e da ideologia liberal e um meio para a formação de cidadãos aptos a participar nos processos políticos, o que era essencial à sustentação do preceito constitucional da soberania da nação. Embora apartidário, O Panorama teve acção política, ainda que exercida de forma contida e em nome do “bem-comum” de todo o povo português, tendo, neste particular, antecipado o tipo de intervenção política seguida pelos jornais industriais da segunda metade de oitocentos. Finalmente, O Panorama, além de ter sido o primeiro exemplo português de um modelo de negócio jornalístico que aponta já para a industrialização da imprensa, contribuiu para a modernização do jornalismo português, pois fomentou a ampliação dos temas noticiáveis na imprensa portuguesa, promoveu a introdução do jornalismo ilustrado no país, antecipando o fotojornalismo, e estimulou a introdução no jornalismo nacional da crónica e da reportagem, tendo ajudado a transformar uma paisagem jornalística onde imperava a imprensa política.
É sobre O Panorama que se debruça este livro, resultante de uma tese de doutoramento em Jornalismo apresentada, em 2013, na Universidade Fernando Pessoa.”
Preço da edição impressa: € 15
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