Assim, através deste estudo exploratório, onde foram entrevistadas 15 famílias portuguesas com filhos até 6 anos, pretendeu-se conhecer as atividades das crianças com os meios digita, perceber como as tecnologias são entendidas pelos diferentes membros das famílias e como é feita a gestão da utilização dos meios digitais.
Tendo em conta os dados recolhidos, pode afirmar-se que as crianças vivem rodeadas de tecnologias, usando-as desde que têm 1 ano de idade. Gostam muito de as usar, assim como também gostam de brincadeiras analógicas. As suas atividades digitais passam principalmente por jogar no tablet, o seu dispositivo preferido, não sendo produtoras de conteúdos. Os pais preferem que elas brinquem no exterior, no entanto assumem utilizar as tecnologias para entreterem os filhos. Para os pais, eles ainda são muito jovens e não correm riscos neste uso, principalmente porque não sabem ler nem usam redes sociais, sendo uma ferramenta mais significativa quando iniciarem o ensino primário. No entanto, os filhos têm mais competências digitais do que eles concebem: fazem download e aprendem a jogar jogos de modo autónomo, pesquisam vídeos e músicas no YouTube, gerem a memória dos dispositivos, utilizam as opções da televisão por subscrição, gerindo os conteúdos, entre outras tarefas. Os pais têm percepções positivas no uso de tecnologias pelos filhos, como relevantes para o eu futuro ou acesso à informação, assim como percepções negativas, como receio da pedofilia e rapto, nomeadamente ligadas às redes sociais. Quando as crianças iniciam a exploração digital, os pais apresentam-lhes os dispositivos, sem regras, mas se começam a verificar excesso de utilização, tendem a colocar regras rígidas, como tempos curtos de utilização, gerando-se por vezes conflitos. Não se verificou muito acompanhamento nas atividades digitais dos filhos pelos pais e as crianças afirmaram que os utilizavam normalmente sozinhas. Poucas mencionaram a utilização de tecnologias para questões educativas em casa ou no jardim de infância.
Verifica-se assim a utilização das tecnologias principalmente para entretenimento, desvalorizando a produção de conteúdos e a sua utilidade pedagógica, tanto no lar como nos jardins de infância. É necessário providenciarmos oportunidades e experiências às crianças para se envolverem com as tecnologias digitais, tendo como objetivo desenvolver as suas competências operacionais, assim como o seu envolvimento em brincadeiras imaginativas de novas e inovadoras maneiras. Os pais têm o papel de as acompanhar neste uso, proporcionando uma utilização segura e proveitosa.