A TELEVISÃO UBÍQUA
A presença ubíqua de informação na sociedade contemporânea tem conduzido a uma rápida alteração de comportamentos do recetor face aos mass media. A premissa one to many dos média tradicionais evoluiu para uma self mass comunication (Castells, 2009), numa lógica de comunicação multimédia interpessoal e de ausência crescente do mediador entre as fontes e a notícia.
Os ecrãs disseminam-se, funcionam em rede, pelo que já não é adequada uma análise isolada da televisão. O avanço vertiginoso da tecnologia digital atirou o medium para um contexto de novos desafios e de dúvidas constantes. Vivemos a era da plenty television e da informação ubíqua na qual a opção multicanal disponibiliza uma escolha infindável não só nos tradicionais ecrãs de televisão, mas também nas novas plataformas que rapidamente emergiram e fazem parte do quotidiano de milhões de utilizadores.
O mercado da televisão generalista free-to-air (FTA) está a mudar velozmente, o que tem causado incertezas inquietantes sobre a sustentabilidade de uma atividade que foi tida, durante décadas, como uma das mais poderosas e influentes da história da comunicação.
Estas empresas, que suportam o seu modelo de negócio através do incentivo ao consumo, são agora forçadas a dividir as receitas com os canais da televisão por subscrição e com os novos concorrentes do mercado publicitário que emergiram da web, dos quais se destacam a Google, o YouTube, o Facebook, o Twitter e o Instagram.
Assistimos a uma híper-segmentação de públicos, a um aumento do poder de escolha do espectador e a um desencontro das conveniências do programador e do recetor. Estamos perante um novo contexto mediático, onde se verificam interesses muitas vezes conflituantes entre distribuidores, produtores, anunciantes, fabricantes e consumidores.
O espectador passou a ser redistribuidor, produtor e programador de conteúdos, emergindo de uma aparente passividade – decorrente do conceito de audiência dos mass media -, para um papel ativo e participante, em consequência da sociedade informacional em que vivemos, na qual a rede é elemento central.
Os editores dos noticiários televisivos passaram a difundir o produto amador (conteúdos produzidos pelo espectador sem a orientação de um jornalista), a introduzir nos alinhamentos os conteúdos mais populares das redes sociais – numa adoção das práticas dos utilizadores na rede –, e a optar pela informação-magazine como estratégia para fidelizar as audiências, cada vez mais emancipadas e independentes da programação pré-estabelecida pelos emissores.
Parece claro que, tal como a informação, os conteúdos televisivos estão presentes e acessíveis em cada vez mais locais e em aparelhos cada vez mais móveis e mais diversificados. Em suma, a proliferação da oferta e a ação mais participativa do espectador impelem a academia e os profissionais para a necessidade premente de repensar a televisão atual e perceber este medium no futuro próximo.
Foi neste contexto que surgiram as questões centrais que nortearam os trabalhos da conferência internacional “A Informação na Era da Televisão Ubíqua”, que teve lugar na UBI em 20 de maio de 2014: como chegámos ao conceito de televisão ubíqua? Qual o cenário de oferta de televisão ubíqua em Portugal? Que informação resulta na e da era da televisão ubíqua? Que implicações tem a ubiquidade da televisão na produção de conteúdos dos canais temáticos de informação televisiva em Portugal?
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