Communication Studies Publication

COMUNICAÇÃO E ÉTICA. O SISTEMA SEMIÓTICO DE CHARLES S. PEIRCE

Comunicação e Ética. O Sistema Semiótico de Charles S. Peirce começa por apresentar a filosofia de Peirce como um sistema cuja arquitectónica repousa na doutrina das categorias. Fazê-lo, representa só por si um desafio, pois este nunca escreveu uma obra que sumariasse a totalidade do seu pensamento, e o corpus peirceano é vasto e assistemático na sua apresentação.

O ensaio ocupa-se também da influência exercida por Peirce no filósofo alemão Karl-Otto Apel, e no papel decisivo que essa influência desempenhou na Ética da Discussão apeleana. Após reconstruir a filosofia de Peirce vista como sistema, através da sua doutrina das categorias, ocupa-se depois da sua Metafísica – um tema só muito recentemente reabilitado no campo dos estudos peirceanos – descrevendo os seus aspectos essenciais, e o modo como a Metafísica pode ser considerada a pedra angular da arquitectónica do sistema peirceano.

Após esta avaliação, é perspectivada a reconstrução de uma Ética Peirceana, um projecto que poderia resolver o impasse que o debate ético contemporâneo enfrenta. Por um lado, a Ética da Discussão mostra-se impotente para resolver o problema do agenciamento humano, da motivação, e do facto de o comportamento humano nem sempre ser racional. Por outro, a Ética das Virtudes, inspirada no neo-aristotelismo de MacIntyre, procura resolver a questão do telos da acção humana, mas fá-lo perdendo a possibilidade da identificação universal dos seus agentes, confinando a prática ética a comunidades e formas de vida particulares. Assim, neste impasse, encontramos de um lado estrito universalismo e presunção de racionalidade, eliminando tudo o que lhe escapa; de outro, telos particulares que alimentam a acção mas que não são universalizáveis, nem necessariamente compatíveis entre si.

Comunicação e Ética. O Sistema Semiótico de Charles S. Peirce procura mostrar como um retorno a Peirce e à sua concepção de Sentimentalismo – uma ética do sentimento devotada a rendering the world more reasonable –, e que só pode ser plenamente compreendida no quadro da sua filosofia, e à luz da Metafísica e da concepção de Ciência Normativa e de Pragmatismo, permitiria ultrapassar tanto as dificuldades da Ética da Discussão como as da Ética das Virtudes.

Preço da edição impressa: € 25

AUTHORS / EDITORS

Anabela Gradim

COLLECTION

LabCom Books

EDITION YEAR

2007

ISBN

972-8790-58-9

Index

Introdução    13
Breve genealogia de um projecto    13
Metodologia    17
Conteúdo    20
Epílogo necessariamente breve     32
I Para uma fundamentação transcendental da Ética    39
1 Um novo paradigma de Prima Philosophia: a semiótica transcendental    41
1.1 Transformação da Filosofia e Pragmática Transcendental     41
1.2 Os três momentos do pensamento de Apel    44
1.3 Cientismo, hermenêutica e crítica da ideologia    48
1.4 Substituição da consciência transcendental kantiana pela comunidade de comunicação    51
1.5 O solipsismo metodológico    54
1.6 Semiótica, hermenêutica e jogos de linguagem    56
1.7 Jogo de linguagem transcendental e comunidades de comunicação    61
1.8 Os três momentos do pensamento de Apel    69
1.9 Cientismo, hermenêutica e crítica da ideologia    73
1.10 Substituição da consciência transcendental kantiana pela comunidade de comunicação    75
1.11 O solipsismo metodológico    78
1.12 Semiótica, hermenêutica e jogos de linguagem    80
1.13 Jogo de linguagem transcendental e comunidades de comunicação    85
2 Peirce: do pragmatismo ao pragmaticismo    91
2.1 O a priori da comunidade de comunicação e os quatro períodos da filosofia de Peirce    93
Uma nova teoria da realidade: o indefinidamente cognoscível    104
Uma nova teoria do conhecimento: falibilismo e dedução transcendental    113
2.2 A segunda fase de Peirce: Do realismo crítico do
significado ao Clube Metafísico    124
2.3 Da metafísica cosmológica ao pragmaticismo    130
A fenomenologia    135
Lawfulness e Evolutionary Love    137
2.4 O pragmaticismo    140
3 A ética do discurso    151
3.1 Hermenêutica e validade intersubjectiva    157
3.2 Fundamentação de tipo axiomático e circularidade lógica. A capacidade auto-reflexiva do homem    160
3.3 Transformação da Filosofia e a priori da argumentação    164
3.4 Possibilidade da ética na era científica    166
3.5 A ética do discurso como ética da responsabilidade    170
3.6 Os ramos fundacional-ideal e histórico-teleológico da Ética do Discurso    173
3.7 O neokantianismo transformado da ética apeleana    176
II Arquitectónica do sistema e Metafísica Evolucionária 193
4 As categorias e a arquitectónica do sistema    197
4.1 As categorias em Aristóteles    197
4.2 A categoriologia kantiana    201
4.3 A problematicidade do conceito de categoria. Peirce
e a tradição    206
5 A dedução lógica e fenomenológica das categorias    219
6 A caracterização das categorias    227
6.1 A noção peirceana de categoria    227
6.2 One    229
6.3 Two    236
6.4 Three .    243
6.5 Formas degeneradas, não redundância e completude    248
6.6 A categoria como dispositivo de aplicabilidade universal    254
7 Categorias e lógica da ciência    261
7.1 A actividade e o método científicos    268
7.2 A teoria da verdade peirceana .    273
7.3 Categorias, inferência lógica e produção do real .    279
8 Categorias e pragmatismo    285
8.1 O realismo escotista de Peirce    291
8.2 A recepção peirceana da doutrina dos universais .    298
8.3 Realismo e terceiridade    302
8.4 Pragmatismo e pragmaticismo    307
8.5 A interpretação jamesiana do pragmatismo    310
8.6 O pragmaticismo das Lectures    314
8.7 O pragmaticismo como lógica projectada no futuro: would-be’s e real vagueness    319
9 A semiótica de Peirce    325
9.1 Algumas abordagens pré-peirceanas do tema no ocidente    329
Os Antigos    330
Os Medievais    342
Os Modernos    353
9.2 Topologia da Semiótica peirceana no interior do sistema    363
9.3 Tríades e Semiótica    379
O funcionamento triádico do signo peirceano    381
As categorias e os diversos tipos de signo    390
10 O idealismo objectivo de Peirce    401
10.1 Idealismo ou realismo?    401
10.2 Peirce como Idealista    405
10.3 A construção metafísica do idealismo    407
10.4 Pragmatismo, teoria da realidade, verdade e idealismo    410
11 Metafísica e a Arquitectónica do Sistema    417
11.1 Os cinco artigos do The Monist    421
11.2 Lógica da Evolução e Cosmogonia    439
11.3 Metafísica e Arquitectónica das Teorias    444
III Ética e heteronomia    447
12 A dimensão comunicacional da semiótica de Peirce    451
12.1 Comunicação e comunicabilidade - o fundacionismo semiótico apeleano    464
13 As Ciências Normativas:Rendering the world more reasonable
14 Notas sobre vitally important topics. O sentimentalismo peirceano    489
15 MacIntyre e a defesa da heteronomicidade da ética    505
15.1 Emotivismo e catástrofe: a perda de um horizonte de fundamentação racional    506
15.2 O colapso do projecto iluminista    513
15.3 Por que falhou o projecto iluminista?    516
15.4 As virtudes na sociedade heróica e clássica    522
15.5 As virtudes e a tradição    525
15.6 Para uma nova ética das virtudes: O neo-aristotelismo de MacIntyre    529
16 Subsídios para a refundação de uma Ética das Virtudes: Apel versus Peirce    533
16.1 Salvar a razão    534
16.2 Re-teleologizar o mundo    543
IV Bibliografia    551
17 Referências bibliográficas    553
17.1 I. Bibliografia Primária    553
Escritos de Peirce    553
Antologias e traduções    554
17.2 Peirce Utilities    555
17.3 Bibliografia Secundária    555
Livros    555
Artigos   568
up